Com o julgamento da ação do Mensalão chegando ao clímax nesta quarta-feira, com a condenação da cúpula política do PT, chegamos a um estágio institucional no país cujas consequências não sei quais serão. O que virá a seguir? O que isto significará para o futuro? Nossos políticos terão mais comedimento ao delinquir?
Hoje se confirmaram as condenações de José Dirceu, José Genoíno e Delúbio Soares. E todos, até mesmo os outros que aqui não cito por economia de espaço e preguiça de digitar, proclamam sua inocência. Dizem mesmo que vão até o fim, no intuito de provar que são inocentes.
Não sei aonde eles irão, já que o Supremo Tribunal Federal é a última instância judicial do país. Além daqui, só Deus é capaz de perdoá-los. O que, também, acho extremamente improvável.
E a veemência – até com lágrimas e vozes embargadas – com que juram inocência quase comove frade de pedra. Não a população, que está mais do que cansada – exaurida, diria – de tanto ver e ouvir notícias de todo tipo de desmandos na política nacional.
Mas este chororô de derrotado não há de tirar deles o carimbo que ganharam na cara: culpados.
E isto me fez lembrar da frase famosa do grande Júlio César, general e político romano, acerca de suspeitas levantadas contra a honra de sua mulher, Pompeia, durante as comemorações em homenagem à Boa Deusa, na altura de 63 a.C.: “À mulher de César não basta ser honesta, deve parecer honesta.”.
Contrariamente, eles até podem parecer honestos, mas, escarafunchadas as ações de cada um, se verificou que eles não o são.
Ao político – não só a ele, mas a qualquer cidadão – não basta parecer honesto, deve ser honesto. Não é possível esconder-se atrás da máscara pública de honestidade e estar, nos meandros do governo, manipulando criminosamente os poderes de que dispõe.
Não sei se daqui a vinte/trinta anos o Brasil será um país melhor neste aspecto, porque, se há uma coisa em que quase somos imbatíveis, é a falta de vergonha na cara, tanto que o historiador Capistrano de Abreu deixou-nos uma frase famosa:
“Eu proporia que se substituíssem todos os capítulos da Constituição decretando: Artigo único: todo brasileiro fica obrigado a ter vergonha.”
Capistrano de Abreu (em pt.wikipedia.org).
Infelizmente, essa linda frase de Capistrano de Abreu não coube em nossa Constituição pois essa já é enorme e cheia de valores a serem negligenciados. O problema é tão sério, querido, que às vezes desconfio que esses senhores corruptos, ditos políticos, acreditam em sua inocência. Trata-se de um caso de esquizofrenia aguda coletiva…