11, HISTORINHA DESCARADA
Era lá pela década de 90 do século passado. Jane e eu fomos com minha irmã e seu ex-marido assistir a um show do Ed Motta, numa casa de show em Ipanema hoje inexistente, o Jazzmania.
Daí a pouco começa o show, e Ed Motta começa a cantar:
– Eu não nasci pra trabalho…
Da mesa atrás de mim, cantou uma voz masculina, no ritmo e no tom do artista:
– Nem eu!
Todos nos voltamos na direção da voz. Era um rapaz, cara de pau, tipo rato de praia, acompanhado de uma senhora generosa, que sorria com a situação. Ela estava feliz com o seu protegido.
12. UMA HISTORINHA DE BOM JESUS
No domingo à tardinha, tinham jogado Ordem e Progresso e Olímpico, as duas forças antagônicas no futebol das duas Bom Jesus: o primeiro, do ES; o segundo, do RJ. O Progresso, como dizemos sempre, aplicou um 4×1 impiedoso no time de Bom Jesus do Itabapoana.
Zé Cabeça, por essa altura, tinha um bar, em salão único, comprido, junto de sua casa, na Rua Ten. José Teixeira, a que vai dar na ponte. Ex-jogador e torcedor fanático do Progresso, de Bom Jesus do Norte, escreveu a tinta, no grande espelho da parede do fundo do seu bar, o placar desmoralizante.
E conversava com outros três amigos, sentados à volta de uma das mesas da casa, quando chegou o Alceste Sá Viana, pai do meu colega de escola Altever e amigo de todos os que ali estavam, mas torcedor também fanático do Olímpico.
Ao ver o placar estampado no espelho, Alceste nem colocou o segundo pé na soleira do bar. Puxou o revólver que trazia à cintura, deu três tiros no espelho e disse para o grupo à mesa:
– Está empatado o jogo!
E, de imediato, saiu do local indignado.
Passado o susto, dizem as más línguas que o Zé Cabeça, também pai de outro contemporâneo meu, o Gaiola, perguntou aos outros trocadores de prosa:
– De quem mesmo a gente estava falando mal?
A arquibancada do Estádio Carlos Firmo, em Bom Jesus do Norte-ES (imagem em reliquisdofutebol.blogspot.com).